ARETÊ | 21 de março de 2024

Viveiro Aretê Búzios realiza mapeamento de matrizes de árvores para produção de mudas

Por Redação Aretê

 

Trabalho possibilitará a reprodução de plantas nativas da região e ameaçadas de extinção como o Pau Brasil

Búzios é uma cidade com uma vegetação considerada de alta prioridade para conservação devido à grande diversidade e a ocorrência de espécies raras e endêmicas, exclusivas da região. Devido a essa especificidade, o balneário é integrante do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, que reúne municípios como Araruama, Saquarema e São Pedro da Aldeia. Com o objetivo de garantir a preservação da diversidade dessa vegetação, o Viveiro Aretê iniciou a identificação e marcação de árvores adultas, saudáveis, com potencial para produção de novas mudas a partir de suas sementes. Também chamadas de plantas mãe, essas matrizes, já estão em floração e gerando frutos, todas catalogadas, fotografadas e sendo observadas.

No bairro Aretê, na região da Rasa e Baía Formosa, foram identificadas 50 dessas árvores matrizes, incluindo espécies ameaçadas ou vulneráveis como o Pau Brasil, (Paubrasilia echinata) o Ingá (Inga marítima) e a Swartzia glazioviana. O trabalho foi iniciado em março, com a marcação de nove matrizes, incluindo a Machaerium robsonnianum. Comum na região, a espécie é nova para ciência e foi descoberta em Búzios em 2005.

“Um dos desafios na produção das mudas é a falta de protocolos e trabalhos científicos para grande parte dessas espécies identificadas, como ocorre com a Machaerium. Além disso, nem sempre essas plantas têm facilidade de germinar, cada uma tem a sua particularidade. Há sementes, por exemplo, que precisam passar pelo trato intestinal de um animal e precisamos simular isso dentro do viveiro”, destaca Heloisa Guinle Dantas, paisagista, mestre em conservação, especializada na vegetação de Búzios, que coordena esse trabalho.

No Viveiro Aretê serão feitos testes com as sementes dos frutos coletados das matrizes. O objetivo é criar esses protocolos de produção que garantam a viabilidade das sementes. As mudas, que resultarão desse processo, serão utilizadas no reflorestamento ambiental de regiões do bairro Aretê e ainda em seus projetos de paisagismo.

“Além dos fatores climáticos da região, que influenciam essa diversidade geral, o território de Búzios é oriundo de cinco formações geológicas. Isso gera uma grande riqueza de paisagens, o que contribui para particularidade dessa vegetação. Apenas espécies bem adaptadas ao vento forte e salgado, o ano todo, e aos diferentes tipos de solo, resistem. Não são plantas que podemos comprar em um viveiro. Muitas espécies são pouco conhecidas e certamente diversas ainda serão descobertas por pesquisadores. Por isso a importância desse trabalho”, explica Heloisa Dantas.

A paisagista lembra ainda que Búzios é um dos últimos locais no mundo em que ainda há remanescentes naturais do Pau Brasil. Heloísa Dantas vem estudando essa vegetação e montando um banco de dados há mais de 20 anos, que já conta com 475 espécies registradas.

“Esse projeto visa contribuir para preservação dessa vegetação, que é na verdade um precioso e único patrimônio natural”, conclui